Nelson Cury Filho fala sobre a importância das famílias diversificarem

Cury Filho acredita que as sucessivas crises que ocorrem em escala global, quase que na velocidade da luz – o exemplo mais recente é a guerra entre Israel e Palestina -, demandam um novo olhar em relação a governança e a gestão do patrimônio das Famílias Empresárias. Em um mundo de policrise, há cada vez…

Cury Filho acredita que as sucessivas crises que ocorrem em escala global, quase que na velocidade da luz – o exemplo mais recente é a guerra entre Israel e Palestina -, demandam um novo olhar em relação a governança e a gestão do patrimônio das Famílias Empresárias.

Em um mundo de policrise, há cada vez menos espaço para o antigo modelo de empresa familiar. Aquele modelo de negócio no qual o “dono” é proprietário e gestor, com processos decisórios centralizados e a operação do dia a dia a cargo dos membros da família. Com o fundador focado 100% na gestão diária do negócio, não é de se estranhar que falte tempo para pensar estrategicamente, com visão de futuro e longo prazo.

Cury Filho discorre sobre a nova face da governança familiar, que tem como objetivo principal transformar a Família Empresária em Família Investidora, uma evolução do modelo anterior. A diversificação de investimentos transcende o negócio, aumenta seus ativos e perpetua seu patrimônio ao longo das gerações. Há uma preocupação genuína em garantir e planejar a longevidade patrimonial como um todo.

Na opinião do palestrante, “o ciclo de vida das empresas familiares pode ser curto, mas a Família Investidora tem horizonte de longo prazo, busca alternativas para perenizar sua riqueza através das gerações, seja como acionista ou como investidor. O modelo se assemelha a um family equity firm”.

Como descreve o professor Thomas Zellweger, da universidade suíça St. Gallen, a família empresária se caracteriza por uma governança familiar e corporativa estruturada e ativa (Conselho Consultivo ou de Administração, Conselho de Família, Acordo de Acionistas, Gestão Profissionalizada, Planejamento Sucessório, Código de Conduta, divisão de responsabilidades dos gestores familiares e estruturação do family office).

As turbulências recentes, especialmente o conflito Rússia e Ucrânia, mudaram a percepção de risco de investimentos. A geopolítica supera a economia como preocupação principal, seguido pela recessão e pela inflação, segundo o relatório UBS Global Family Office 2023.

Adequar seu negócio e investimentos as práticas ESG se tornou uma questão de sobrevivência, sem volta. A família investidora entende que sustentabilidade e lucro podem, sim, caminhar juntos. Conforme destacou o fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, o mundo está se movendo para “uma economia verde, sustentável, e agora, para uma era de inteligência artificial”. Nesse contexto, disse, o futuro do Brasil e da América Latina é promissor, mas depende de alinhar indústria, meio ambiente e tecnologia.

Ter um propósito claro é também uma forma de motivar e engajar as novas gerações e atrair talentos. Abrir espaço para que os herdeiros tenham oportunidade de criar negócios de impacto, por exemplo, é uma forma de diversificação e de transferência geracional de patrimônio, agregando valor à família e ao seu legado.

“Não concentre. Diversifique. Esta é a máxima do mundo policrise” finaliza Cury Filho, palestrante e especialista no desenvolvimento da Família Empresária.