A Fleming Educação, um grupo educacional com origem em Porto Alegre (RS), experimentou um grande salto nos últimos seis anos. Passou de 5 escolas e 1 mil alunos, concentradas no Rio Grande do Sul, para 30 escolas, espalhadas por 16 cidades de 4 estados do país, expandindo-se por todo a região sul. A Fleming é um dos investimentos da Coruja Capital, gestora de recursos independente dirigida por Márcio Schettini, que ocupou por muitos anos posições de comando no Itaú Unibanco.
Márcio Schettini, seu filho Samuel, também diretor da Coruja Capital, e Paulo Landim, CEO da Fleming, se revezaram no palco do Family Office Summit Brazil 2023, realizado em São Paulo no último dia 23 de outubro, para mostrar a filosofia e o processo de investimentos do Family Office e o case do investimento no grupo educacional.
A Coruja Capital foi criada em 2015 como o family office do Márcio Schettini e era conduzida pelo filho, Samuel. Ele lembrou que a sua experiência de 32 anos como alto executivo do Itaú Unibanco permitiu observar diferentes segmentos da economia. “Como a vida toda concedi crédito para todos os grupos aqui no Brasil, tinha lá minhas preferências setoriais, minhas preferências geográficas”, relembrou Schettini.
Samuel detalhou a filosofia de investimentos da Coruja Capital. “A primeira coisa que definimos quando montamos o Family Office foi focar naquilo que a gente entende”, disse ele. Com base nesse princípio, a Coruja Capital concentra seus negócios em cinco segmentos: serviços financeiros, educação, saúde, e-commerce e tecnologia de uma forma mais geral.
Outro pilar adotado para os seus negócios é investir em capital humano. “Não adianta ter o melhor power point se a gente não tem capital humano para primeiro, entender todos os meandros desse setor e, segundo, executar essa tese”, explicou ele. O terceiro ponto é observar o timing correto para o investimento. “Não adianta ter a melhor tese, com o melhor ativo, com as melhores pessoas se você entrou no investimento em um momento em que ele estava supercaro. Se isso acontecer, você vai demorar para ter o retorno que espera”, ensinou Schettini.
A Coruja Capital tem como princípio também não esperar que o banco de investimento bata à sua porta com um ativo. “Gostamos de pensar, primeiro, em uma tese de investimento e depois ir atrás do melhor ativo, com a mentalidade de qual que é o ativo que a gente quer ter em cinco anos”, disse Samuel Schettini. Atualmente, a Coruja Capital tem oito empresas em seu portfólio.
Segundo Paulo Landim, o investimento feito na Fleming foi realizado através do modelo de search funds, que foi criado há 40 anos na Universidade de Stanford e que tem como objetivo adquirir uma única empresa. “Primeiro, busca-se a empresa, depois ela é adquirida e, então, o empreendedor à frente desse fundo vai para a operação, se torna o CEO e passa a tocar a empresa”, disse ele. Nesse modelo, os alvos das buscas são empresas que têm um modelo de negócios com receita recorrente, o que proporciona estabilidade de fluxo de caixa e reduz o risco em um processo de transição de liderança.
Outra característica é que são empresas no lower ou middle market, com faturamento anual de R$ 25 milhões a R$ 100 milhões. “São empresas que não costumam estar no radar de fundos de private equity. E por isso conseguimos fazer uma aquisição a múltiplos bastante baixos, em processos não competitivos”, destacou Landim. Segundo ele, busca-se também um vendedor que está motivado a abrir mão da empresa. “Normalmente é uma questão de sucessão, ou vontade de morar fora do Brasil, e não porque o negócio não está indo bem”, explicou. “Então a gente busca empresas saudáveis, que estão crescendo, não estão endividadas e que tem um histórico de rentabilidade.”
Foi o que aconteceu com a Fleming Educação. “Nós falamos com 365 empresas de forma proprietária e a empresa adquirida foi o Fleming, com base em Porto Alegre”, afirmou. O fundador da Fleming, um médico e professor na época com 65 anos, tinha uma empresa de sucesso, mas não contava com alternativa de sucessão, lembrou Landim.
Após a compra, os resultados da Fleming continuam de vento em popa. Apesar do impacto da pandemia nos negócios da educação como um todo, o grupo tem hoje o triplo do tamanho que apresentava no momento da aquisição. “Para ilustrar o crescimento: o nosso ensino médio, lançado há dois anos, dobrou de tamanho de 2022 para 2023 e para 2024 deve crescer 50% em receita”, disse ele. Landim anunciou ao término de sua palestra que o grupo havia fechado, naquele dia, a aquisição de mais duas escolas em Santa Catarina.
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